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[Concreto & Construções
| Ano XXXIX nº 65
]
Carta aberta à sociedade
e ao poder público
Diante dos traumáticos eventos recentes, re-
lacionados ao colapso total ou parcial de edifí-
cios, amplamente divulgados pela mídia, cabe
uma reflexão.
A Associação Brasileira de Patologia das Cons-
truções (ALCONPAT BRASIL) e o Instituto Bra-
sileiro do Concreto (IBRACON), entidades que
buscam agregar os especialistas brasileiros atu-
antes na área, disseminando boas práticas e co-
laborando na capacitação profissional, conside-
ram fundamental expor sua posição quanto às
medidas e ações recomendadas para garantir a
adequada conservação e segurança de nossas
edificações, colaborando para evitar novos e
indesejáveis sinistros.
Colapsos de edifícios são eventos raros e pro-
fundamente traumáticos. Infelizmente, no Bra-
sil, houve uma série de ocorrências recentes
que alarmaram a população. Por causas diver-
sas, ocorreu o colapso do Edifício Areia Branca,
em Recife – PE; do Edifício Santa Fé, em Capão
da Canoa – RS; do Edifício Real Class (ainda em
construção), em Belém – PA; e, mais recente-
mente, do Edifício Liberdade, no Rio de Janeiro
– RJ; e do Edifício Senador, com desabamento
parcial, em São Bernardo do Campo – SP. Essas
tragédias ceifaram vidas humanas, ocasionaram
grandes perdas materiais e abalaram a confian-
ça da população na segurança de suas moradias.
Diante desse quadro, é normal que a sociedade
se inquiete e questione: O que podemos fazer
para evitar mais tragédias? O que ocasionaram
essas tragédias? Estamos todos em risco?
Em primeiro lugar, cabe tranquilizar a socieda-
de. Não se deve esperar uma epidemia de co-
lapsos. A engenharia brasileira é uma das mais
avançadas do mundo. Companhias e profissio-
nais brasileiros são reconhecidos e apreciados,
o que justifica sua atuação em diversos países,
erguendo obras da maior importância, que or-
gulham a nossa profissão. A imensa maioria das
nossas edificações é segura.
O problema é que, como em muitos outros pa-
íses, praticamente a totalidade dos usuários e
boa parte dos profissionais brasileiros ainda não
atentaram para a importância das atividades
de conservação de estruturas.
Essa postura terá de mudar!!!!
Parte dos grandes prédios das cidades brasileiras
foi construída a partir da metade do século XX.
Por isso, uma parcela deles começa a atingir ida-
des nas quais alguns problemas, especialmente
associados à corrosão de armaduras e deforma-
ções da estrutura, podem se manifestar.
Assim como os seres humanos, as construções
envelhecem e passam a apresentar alguns pro-
blemas, que, como no caso de muitas doenças
humanas, podem ser tratados adequadamente
e corrigidos se forem diagnosticados no início e
corretamente. Ao contrário, se evoluírem sem
controle, essas “doenças” podem ameaçar a
segurança de todo o sistema.
Ao longo dos últimos 30 anos, todo um campo de
conhecimento especializado, relativo aos proces-
sos de deterioração de construções, suas causas,
formas de prevenção e tratamento, se consolidou
internacionalmente, constituindo o que hoje co-
nhecemos como Patologia das Construções, que
estuda “as doenças” das construções.
O Brasil foi o primeiro país na América Latina a
formar especialistas nesse campo e tem tido po-
sição destacada nos estudos na área.
Ou seja, existe conhecimento suficiente para
prevenir ou estancar a deterioração, evitan-
do colapsos e falhas estruturais, desde que se
adote uma postura preventiva de inspeção e
monitoramento do estado de conservação das
edificações – especialmente as mais antigas ou
localizadas em locais mais agressivos, associada
com uma política de capacitação adequada dos
profissionais que vão trabalhar com esse tema.
Na gênese da maioria dos colapsos recentes
está a intervenção sem conhecimento adequa-
do nas estruturas de sustentação dos edifícios,
que, em alguns casos, já se encontravam dete-
rioradas. Essa foi uma combinação fatal.
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