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[Concreto & Construções
| Ano XXXIX nº 65
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Edifício Niemeyer –
Construção da década
de 50 impressiona pelos
detalhes
Cláudio Fonseca
Niemeyer, acompanhada pela pintura inu-
sitada de Cândido Portinari e paisagismo
de Burle Marx para o projeto da igreja,
por exemplo, não foi imediatamente re-
conhecido pela cúpula católica. Somen-
te após quatorze anos, foram permitidas
celebrações religiosas no local. Além do
forte apelo estético, as obras do Comple-
xo da Pampulha chamam a atenção pela
experimentação. Elementos tradicionais
deram lugar ao concreto armado, eviden-
te na Igreja de São Francisco, e desenhos
elaborados, formando curvas e vãos que,
posteriormente, marcariam a assinatura
das obras de Niemeyer.
A Praça da Liberdade, ponto turístico
central de Belo Horizonte, também con-
tém a marca do arquiteto. Ali está o Edifí-
cio Niemeyer, construído em 1954, prédio
residencial de 11 pavimentos, sendo dois
apartamentos por andar. A obra impressio-
na pelas curvas e pela ousadia. É impossí-
vel não notar o prédio em formato trian-
gular de esquina, marcado por um jogo de
sombra pelo formato
das lajes, que se es-
tende acima de uma
área verde que cobre
a praça, em um dos lo-
cais mais movimenta-
dos da região centro-
-sul da capital.
No lado oposto ao
edifício, a Biblioteca
Pública, um prédio si-
nuoso, formado por um
“S”, mais uma ousadia
em concreto ao estilo
Niemeyer, abriga um
vasto acervo literário.
Visitado diariamen-
te por mais de 1.500
pessoas, o prédio da
Biblioteca possui au-
ditório, terraço, várias
salas e generoso espa-
ço para circulação. A
obra, também inaugu-
rada em 1954, agrada
aos olhares tanto pelas
inovações no projeto
quanto por permitir o
diálogo entre o prédio e o espaço urbano,
facilitado pelo recuo externo que possibi-
litou a implantação de uma área verde.
O prédio compõe, juntamente com obras
importantes, o Circuito Cultural Praça
da Liberdade.
Além dos tradicionais e conhecidos edi-
fícios projetados pelo arquiteto em Belo
Horizonte, fazem parte do acervo resi-
dências das décadas de 40 e 50 e o Con-
junto Governador Juscelino Kubitschek,
projetado originalmente para abrigar um
museu, algumas repartições públicas e
residências de autoridades. O Edifício JK
como é conhecido pela população, um íco-
ne no cenário urbano de Belo Horizonte,
pelas dimensões e arquitetura arrojada, se
tornou residencial e hoje abriga aproxima-
damente 5.000 moradores. O conjunto é
formado por duas torres, a primeira, de 76
metros de altura, possui 23 andares e 647
apartamentos. A segunda torre possui 34
pavimentos e comporta 439 apartamentos
em seus 100 metros de altura, ainda hoje