IMPRESSÕES DO 12o. CONGRESSO INTERNACIONAL DE QUIMICA DO CIMENTO

Arnaldo Forti Battagin
ABCP


Cerca de 600 pesquisadores, dentre os quais um grupo de 13 brasileiros participaram do 12o. Congresso Internacional de Química do Cimento, realizado de 8 a 13 de julho na belíssima cidade de Montreal, no Canadá.

Trata-se do mais importante evento na área de pesquisa do cimento e concreto e vem na seqüência de eventos anteriores realizados em Durban, África do Sul (2003), Gottenburg, Suécia (1997), Nova Delhi, Índia (1992), Rio de Janeiro (1986) e tantos outros.

Após a abertura, feita na ensolarada tarde de domingo pelo eminente pesquisador e chairman do Congresso, Jim Beaudoin, seguiu-se a apresentação inaugural de Francis Young, que fez uma retrospectiva dos congressos anteriores.

Para deleite da comunidade de cientistas do cimento, ele lembrou os trabalhos de Desch, Lê Chatelier, Klein e Rankin, apresentados em 1918, com grandes debates sobre o processo de pega do cimento e do gesso.

Em 1938, no congresso realizado sob os auspícios do Instituto Sueco Real e Associação Sueca do Cimento, estabeleceram-se as bases da moderna Química do cimento, quando Bogue apresentou trabalho sobre a constituição do clínquer e introduziu suas famosas equações, bem como associou os problemas de estabilidade volumétrica com os componentes cal livre e periclásio.

Sobre o evento realizado novamente em Londres em 1952, Young destacou que a tônica do congresso foram os trabalhos sobre composição do cimento e suas fases, bem como a caracterização de cimentos especiais. Foi nesse congresso que Jefferi, com a proposição de seus modelos composicionais para a alita, mostrou a importância de seus estudos, que seriam referenciados até a década de 70.

O quarto congresso realizado em Washington, em 1960, teria a contribuição de uma constelação formada por Powers (propriedades físicas da pasta de cimento), Brunauer e Greenberg (hidratação dos silicatos calcicos), Taylor (reações hidrotermais) e Kondo (cinética da hidratação). Nesse congresso se criou o ambiente para, apenas dois anos mais tarde, Taylor publicar o clássico “The Chemistry of Cement”.

Se, no sexto congresso, realizado em Moscou em 1974, a repercussão na comunidade científica foi inexpressiva devido ao fato dos anais terem sido publicados apenas em russo, o congresso realizado seis anos antes em Tóquio foi um marco no avanço do conhecimento da química do cimento. De fato, os trabalhos de revisão de Guinier e Regourd sobre a estrutura cristalina dos constituintes do cimento, de Kondo sobre os cinco estágios de hidratação do C3S, ao lado dos estudos de Verbeck e Helmuth sobre estrutura e propriedades físicas da pasta, foram os destaques daquele evento.

Em 1980, foi a primeira oportunidade que eu teria para ir a Paris para mais uma série desse famoso e importante evento, mas a “caixinha” que eu, Everaldo Marciano e Yushiro Kihara fazíamos há dois anos fora insuficiente, de modo que nossa participação seria postergada para o Congresso do Rio de Janeiro, em 1986, agora financiada pela ABCP. Tivemos, entretanto, acesso aos anais desse evento, que se tornaram um verdadeiro livro de cabeceira por muitos anos, através dos outros brasileiros que participaram: Maria Alba Cincotto e Cláudio Sbrighi, então do quadro do IPT, e do professor Francisco de Assis Basílio, superintendente da ABCP na época e responsável pela palestra magna do Tema 5 – Cimentos Especiais. Foi nesse evento também que a reologia das pastas de cimento teve o “status de ser tratada pioneiramente como tema principal. Muitos estudos de correlação das propriedades e microestrutura da pasta endurecida e dos hidratos, com o uso das técnicas experimentais, principalmente a microscopia eletrônica, foram discutidos. Foram feitas também importantes contribuições de Sereda, Feldman, Ramachandran, Wittman , Skalny ,Young e tantos outros.

O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento e a ABCP deram o suporte para a realização do evento de 1986 no Rio de Janeiro, onde o foco principal foi o aprofundamento do entendimento da ligação entre microestrutura e propriedades, a interface pasta – agregado, a estrutura dos poros e sua relação com as propriedades de transporte e a físico-química das reações deletérias, com repercussões na durabilidade do concreto.

O congresso realizado na Índia em 1992 teve a participação de vários brasileiros, que já estavam se tornando “habitués” desse evento. Pela primeira vez, reportou-se o uso de resíduos como combustíveis alternativos (Alhuwalia e Page), mineralizadores na clinquerização (Moir e Glasser), conservação de energia e controle ambiental (Sprung e Delort), além de trabalhos sobre sílica ativa e concreto de pó reativo. Mas, foi a apresentação principal de Scrivener e Weiker sobre os avanços da hidratação a temperaturas baixas, ambientais e elevadas, com uso da técnica de espectroscopia de ressonância nuclear magnética que teve o maior impacto.

As tendências verificadas nos congresso de 1997, na Suécia, e 2003, na África do Sul, com relação ao meio ambiente foram cristalizadas de maneira enfática no evento de 2007. De fato, o desenvolvimento sustentável, procurando a minimização das emissões de CO2 e seu impacto nas mudanças climáticas foi a preocupação número 1 do evento, realizado em Montreal. Seguiram-se os temas relacionados à durabilidade e degradação dos sistemas cimentícios, com destaque para a compreensão dos fenômenos ligados a formação de thaumasita durante o ataque das pastas de cimento por sulfatos.

Ficou evidente também a importância do papel desempenhado pela normalização nos aspectos legais, de desempenho dos materiais e sistemas e sua relação com os avanços científicos. A inovação na ciência do cimento e concreto ficou patente com o papel da modelagem computacional na previsão de comportamentos, bem como nas pesquisas de hidratação das pastas, associada à aplicação de técnicas experimentais cada vez mais sofisticadas (nanotecnologia). Os anais, em forma de CD, contêm cerca de 400 trabalhos técnicos, que poderão ser consultados na Biblioteca da ABCP.

Os brasileiros presentes ao evento tiveram uma deferência especial de Jim Beaudoin, em retribuição a sua recente visita a ABCP e Escola Politécnica da USP, no mês passado.

Após acirrada disputa, Madri foi escolhida para ser sede do próximo congresso em 2011, resultado anunciado durante o jantar de confraternização realizado nas enormes dependências do Palais de Congrès, mesmo local de realização do evento.

Os subterrâneos da florida e bilíngüe Montreal, com verão atipicamente mais suave, sua limpeza, beleza e segurança impressionaram os brasileiros que, pela primeira vez, a visitavam, tanto quanto a organização impecável do Congresso.


Participantes brasileiros:
ABCP ( Arnaldo e Inês Battagin, Yushiro Kihara e Vagner Maringolo)
Chryso ( Everaldo Marciano);
Grace ( Denise Antunes);
Panalytical (Luciano Gobbo);
Poli-USP( Maria Alba Cincotto e Rafael Pillegi) ;
Universidade de Mogi das Cruzes (Flavio Rodrigues) e
Votorantim(Clair Ceron, Isac Silva e Luis Carlos Ferracin).

 

 

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